Iwama está gelada.
De manhã, ao entrar no Tanrenkan, a temperatura é sempre abaixo de zero.
O que mais custa fazer é meditar com esta temperatura. Sensei parece não se importar muito.
Aliás, antes de me vir embora, Sensei começou uma semana de misogi com água.
Em frente ao Tanrenkan, Sensei tem uma garnde bacia com àgua. O gelo que cobre esta àgua de manhã tem alguns centímetros de espessura. Sensei parece não se importar muito. Depois de saudar os Kami do dojo e da água, faz os exercícios de Funekogi undo e Furitama, parte o gelo e começa a despejar aquela àgua gelada por cima dele. Demora uns quantos minutos tudo isto mas, para nós que não nos aventuramos a tal, parece durar uma eternidade. Tudo isto é feito ao ar livre, a temperaturas negativas, e Sensei veste nada mais do que um fundoshi e uma camiseta branca própria dos rituais de purificação/misogi.
Claro que também ainda é novidade a estatua de O'Sensei colocada nos jardins do Aikijinja. O Aikijinja agora é muito visitada pelos curiosos e por praticantes de todo o Japão.Em casa, Sensei continua com a sua escultura dos Shishi (cabeças de leão) e de outras peças em madeira. Também tem feito várias peças em cerâmica absolutamente fantásticas.
Johan e eu tivemos a sorte de ter sido convidados por Shigemi e Shigeru Nakatta duas vezes. Este casal muito simpático que esteve em Portugal o ano passado, levou-nos às termas, a um jardim zen e às compras pelas lojas de cerâmica de Kasama, conhecida pelo sua famosa cerâmica. Numa das vezes jantamos em casa deles. É um casal muito divertido e falam um inglês perfeito.
Outra novidade, o que "tramou" os uchideshi, foi o fecho do "COCO" (antigo Hot Spar) durante anos este estabelecimento de conveniência foi muito usado pelos uchideshi que ali comparvam cartões para telefonar, chocolates, cerveja etc. Não sabemos qual a razão pelo que fechou mas deve ser por causa da falta de clientela. Em Iwama, muitas lojas antigas fecharam. O Abe, por exemplo uma loja tipo mercearia que ali compravamos todas as peças para o Kamidana, facas japonesas, meias, etc. Fechou. Vários supermercados fecharam. Felizmente o Kasumi ainda perdura embora agora seja só para comida.
Um dia antes da minha partida ofereceram-me uma festa de despedida. O Oshi, um dos praticanes do dojo, ofereceu-se para cozinhar Okonomiaku. Claro está, todos ajudaram e estava delicioso. Era tanta a comida que no dia seguinte ainda tivemos um grande almoço com os restos.Podem ver as fotografias da festa no facebook de Hisako Saito, a mulher de Sensei.
Para verem o que se está a passar em Iwama, façam-se amigos do Johan Brooks, pois ele adora fotografia e tira muitas fotografias interessantes da vida em Iwama.
De manhã, ao entrar no Tanrenkan, a temperatura é sempre abaixo de zero.
O que mais custa fazer é meditar com esta temperatura. Sensei parece não se importar muito.
Aliás, antes de me vir embora, Sensei começou uma semana de misogi com água.
Misogi Shūhō 禊修法 |
De manhã, depois das rezas e da meditação, estamos sempre desejosos para que Sensei decida treinar na floresta. Embora esteja tudo muito gelado, preferimos treinar na floresta pois assim aquecemos mais depressa e pelo menos estamos calçados. Quando Sensei decide treinar, por exemplo Iaijustu, fazêmo-lo dentro do Tanrenkan, descalços. Ficamos completamente gelados.
Sensei, já há alguns anos está a ensinar Iaijutsu do estilo Sekiguchi Ryu, claro adaptado ao Aikido, tal como o estilo de Kashima Shinto Ryu foi adaptado por O'Sensei.
Alguns dos nossos praticantes já tinham treinado esta arte do Aikido com Sensei, mas eu pessoalmente ainda não tinha aprendido directamente com Sensei. Normalmente treinamos com Iato(s). Contudo muitas vezes Sensei também nos manda treinar com Tachi ou Katana. Quando treinamos com Iato, podemos fazer contacto com as lâminas e treinamos os suburi, os awase e os kumitachi.
Se treinarmos com os Katana ou Tachi Sensei não nos permite fazer contacto por uma questão religiosa e por ser perigoso (são armas muitíssimo afiadas).
Na floresta, durante a minha estadía, treinámos todos os kumijo, o 31 kata kumijo e todos os kentaijo. Sensei ensinou-nos algumas modificações fantásticas com estes exercícios.
Uma novidade, que já tinha publicado neste blogue, é que Sensei abriu o restaurante. Há uns meses atrás tinha aberto o Yamabiko, mas esperava a chegada do seu filho mais velho Yasuhirosan, que iria trabalhar com ele no restuarante. Yasuhirosan esteve a trabalhar em Nagoya e voltou no início do ano. Tem agora 20 anos. Mal voltou abriram o restaurante. O Johan, um uchideshi inglês que já está há 4 meses a treinar com Sensei (e planeia ficar um ano), e eu, fomos os primeiros clientes. Tinhamos estado a malhar trigo, que foi da colheita semeada a partir de um trigo que levei de Portugal quando Sensei nos disse para irmos comer Soba no seu restaurante.
Claro está a sua Soba é suberba. Fantástica. Estavamos esfomeados e comemos àvidamente.
Uns dias mais tarde também esperimentamos a Soba de Yasuhiro san que também era muito boa.
No dia 31 comemos mochi, uma espécie de massa feita com arroz cozido, tradicionalmente comida no final e início do ano. Ajudamos Sensei com o trabalho de fazer mochi e depois ofereceu-nos mochi fresco condimentado com vários tipos de coberturas (feijão doce, um pó doce, e nato). Como gosto de tudo comi com muito gosto. O Johan tem gosto específicos e não comeu o mochi com nato.
No dia 1, houve o primeiro treino do ano, um pequeno treino de meia hora, e depois houve festa em casa de Sensei. Nesta altura Sensei é visitado por dezenas de alunos seus e amigos, como é tradição pois vêm desejar as boas festas. Esta foi uma ocasião para me reencontrar com vários antigos sempai e amigos.
O Kagami Biraki este ano foi no dia 10. Vieram centenas de pessoas para a cerimónia dirigida por Takahashisan um padre Shintoista amigo de Sensei. Depois da cerimónia houve demonstrações pelo principais dojochou presentes, na qual eu também participei, e então começou a festa no dojo, como é tradição e costume.
Outra novidade, para quem não lá foi recentemente, é o muro que se fez em frente ao Tanrenkan. O pequeno jardim tipicamente japonês continua bonito mas o sinal de madeira com o nome Iwama Shin Shin Aikijuku foi substituido por outro em pedra bem mais bonito e duradouro. Além disso Sensei também colocou há cerca de um ano atrás um tsukubai, uma espécie de vasilha de pedra com água normalmente colocada à entrada dos templos, em frente ao Tanrenkan. A água de um furo feito no solo.
No dia 1, houve o primeiro treino do ano, um pequeno treino de meia hora, e depois houve festa em casa de Sensei. Nesta altura Sensei é visitado por dezenas de alunos seus e amigos, como é tradição pois vêm desejar as boas festas. Esta foi uma ocasião para me reencontrar com vários antigos sempai e amigos.
O Kagami Biraki este ano foi no dia 10. Vieram centenas de pessoas para a cerimónia dirigida por Takahashisan um padre Shintoista amigo de Sensei. Depois da cerimónia houve demonstrações pelo principais dojochou presentes, na qual eu também participei, e então começou a festa no dojo, como é tradição e costume.
Temizu-sha 手水 |
Johan e eu tivemos a sorte de ter sido convidados por Shigemi e Shigeru Nakatta duas vezes. Este casal muito simpático que esteve em Portugal o ano passado, levou-nos às termas, a um jardim zen e às compras pelas lojas de cerâmica de Kasama, conhecida pelo sua famosa cerâmica. Numa das vezes jantamos em casa deles. É um casal muito divertido e falam um inglês perfeito.
Outra novidade, o que "tramou" os uchideshi, foi o fecho do "COCO" (antigo Hot Spar) durante anos este estabelecimento de conveniência foi muito usado pelos uchideshi que ali comparvam cartões para telefonar, chocolates, cerveja etc. Não sabemos qual a razão pelo que fechou mas deve ser por causa da falta de clientela. Em Iwama, muitas lojas antigas fecharam. O Abe, por exemplo uma loja tipo mercearia que ali compravamos todas as peças para o Kamidana, facas japonesas, meias, etc. Fechou. Vários supermercados fecharam. Felizmente o Kasumi ainda perdura embora agora seja só para comida.
Um dia antes da minha partida ofereceram-me uma festa de despedida. O Oshi, um dos praticanes do dojo, ofereceu-se para cozinhar Okonomiaku. Claro está, todos ajudaram e estava delicioso. Era tanta a comida que no dia seguinte ainda tivemos um grande almoço com os restos.Podem ver as fotografias da festa no facebook de Hisako Saito, a mulher de Sensei.
Para verem o que se está a passar em Iwama, façam-se amigos do Johan Brooks, pois ele adora fotografia e tira muitas fotografias interessantes da vida em Iwama.