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O Mendi com as paisagens verdes dos campos de arroz |
Vários
opções se cruzam na vida de uma pessoa, encruzilhadas que nos obrigam a
escolher (mesmo a "a não escolha" é uma escolha...)o rumo que
pretendemos dar à nossa vida. Porém escolher não é suficiente, é necessário
determinação, disciplina, "fé" para que não nos desviemos do caminho
traçado, aconteça o que acontecer, sejam quais forem os percalços, os
problemas, as vicissitudes que a vida nos traz. São estas as características
que permitem o atingir do sucesso de um individuo e/ ou uma Nação. Foram estas as
virtudes que permitiu que o Japão se transformasse em poucas décadas numa
Grande Potência Mundial, após a derrota na 2ª Grande Guerra, e que desde os
meus tempos de estudante me suscitam admiração. Assim, graças ao Aikido, pude
atingir dois objetivos que estavam na minha mente: "VÊR" o Japão e o
seu desenvolvimento fulgurante e "SENTIR" o Aikido, o PORQUÊ de um
Individuo ter tido a capacidade de influenciar milhares, no intuito de
percorrermos o" caminho que harmoniza a energia". Embora a minha
estadia tenha sido curta (25 dias), o que eu vivenciei enriqueceu-me
profundamente, foi verdadeiramente impactante, tendo tido a capacidade de
provocar em mim, a mudança que necessitava, elevando o meu nível de consciência
em relação a forma como eu vejo o Mundo em geral e o Aikido em particular.
Deixem-me partilhar convosco algumas observações e episódios que ocorreram
durante a minha estadia no País do Sol Nascente:
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Avenida de O'Sensei que liga a estação ao Aikijinja e acessos |
JAPÃO: Desde a
minha chegada ao Aeroporto de Narita, senti o impacto de estar num País
bastante diferente do nosso, em termos de tecnologia, planeamento, organização
e claro está, pessoas. A simpatia, amabilidade e a “lendária” disponibilidade
dos Japoneses em ajudar facilitaram em muito a minha estadia no Japão, mesmo
com o handicap da maioria do Povo japonês não falar inglês ou então falarem um
inglês muito rudimentar , o que dificultava o processo de comunicação. Um
episódio curioso aconteceu-me ainda em Narita. Ao cortar o bilhete de comboio
para Iwama, o Senhor da bilheteira perguntou-me, o porquê de ir até Iwama e não Tóquio, já que se
tratava de uma pequena Vila. Respondi-lhe que ia lá estar 25 dias como uchideshi
a praticar Aikido. Ele no seu inglês macarrónico, respondeu-me: “Aikido,
O´Sensei ? OOOhhh! I respect you!” Agradeci-lhe e evidentemente, respondi-lhe
que ia Praticar Aikido Tradicional com Hitohira Sensei…
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Estátua de O'Sensei em Iwama, na estação |
A viagem
de comboio de Narita a Iwama durou sensivelmente 2h30m (trocando três vezes de
comboio), e não pude deixar de reparar na paisagem verdejante, no qual os arrozais deram-me a sensação de terem sido
desenhados a régua e esquadro, e as casas de madeira, simplesmente lindíssimas.
Cheguei a Iwama sensivelmente à hora de
almoço, e de imediato fiquei maravilhado com a paisagem: espaços amplos, tranquilidade
da vila, ar puro, espaços verdes, montanhas ao redor, casas muito bonitas tudo limpíssimo, enfim uma
paisagem harmónica – tal como em Portugal…-. De referir que ao sair da estação
pelo lado este, deparei-me com a Estátua e uma Avenida com marcos
fotográficos ,construídos em homenagem a
O´Sensei.
Ao chegar
ao Shin dojo, fui muito bem
recebido pelos meus camaradas Uchideshi
de diversas nacionalidades- o idioma de entendimento era o inglês- que me
convidaram logo para almoçar. Após o almoço e alguma conversa, fui finalmente
descansar – a viagem tinha durado mais de 25 horas!!!, pois às 19h tinha o meu
primeiro keiko. E aqui começa o meu “zanshin” permanente.
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Um dos muitos marcos fotográficos da avenida principal |
Aikido: O local
da prática fica a 10m a pé do Shin dojo
e denomina-se de Tanrenkan. È um dojo muito bonito, construído em madeira
e com muita luminosidade -só não achei piada ao tatami!!!-. ..
Após as
cerimónias iniciais, Sensei chamou-me para me apresentar. Após a apresentação:
O meu primeiro keiko em Iwama! Bem, a emoção passou-me logo, pois se pensei que
iriam ter “piedade” pelo facto de estar com os efeitos de “Jet Lag”, de ser um
cinto branco 5º Kyu, e já estar a
caminhar para a “velhice”, fiquei logo “elucidado” após as primeiras técnicas:
Levei uma grande” tareia “! De facto, o keiko aliado ao calor e humidade
extrema, deixou-me arrasado. No final,
Sensei preocupado perguntou-me: “ Mendi- San, how is your knees?” Respondi-lhe : “It´s ok
Sensei, arigato gozai mass”, mas de facto os joelhos doíam-me como o carraças,
depois de uma hora a bater na madeira, perdão, no tatami…
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O exterior do Shindojo, shokudo [restaurante dos uchideshi ao meio] e casa de Saito Sensei [na esquerda]. |
Os
treinos são bi-diários. De manhã, após a meditação íamos para a floresta
praticar armas e shuriken. À tarde taijutsu. Esta era a rotina diária, com
excepção de, às 5ª feiras à noite, irmos para um pavilhão gimnodesportivo
–“Budokan”- onde praticávamos armas. Além dos treinos e limpeza diária do
Shindojo e Tanrenkan, muitas vezes éramos chamados por Sensei para trabalharmos
no campo e outras tarefas afins. Vida dura, esta a de Iwama!
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O exterior do Tanrenkan, o centro do Aikido de Iwama! |
Deixem-me
partilhar convosco a minha visão do Aikido. Como diz o povo “muitos caminhos
vão dar a Roma”. De facto após esta viagem a Iwama, cheguei à conclusão que o,
Aikido é muito mais que técnica, o verdadeiro objetivo do Aikido tal como a
Yoga, Chi kung e outras artes afins, é o de nos religarmos com uma energia
superior, que podemos chamar de Deus, Ser Supremo, Grande Espírito, Universo,
etc. Os nomes advêm da cultura onde nos inserimos. Não tem importância. Aikido
é o caminho que escolhemos, é um caminho austero, doloroso física e
mentalmente, um caminho verdadeiramente marcial, que nos leva para além do tempo e do espaço:
Iluminação Espiritual.
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Aspecto interior do Tanrenkan |
Por fim, estou especialmente grato a alguém que
me tem ajudado a progredir no Aikido, a alguém que se tem preocupado com o meu
bem estar, uma pessoa excecional, cujo
nome gera um profundo respeito e admiração no mundo do Aikido: O NOSSO MESTRE! Foi uma honra o tempo que
Sensei e Waka Sensei me dedicaram em
Iwama, e isso deveu-me ao facto de ser aluno do Mestre Tristão da Cunha. Como
disse um uchideshi italiano” São muito
afortunados por terem Tristão Sensei em Lisboa”. Concordo plenamente. Obrigado
por tudo MESTRE!
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As famosas cascatas de água onde se faz "misogi" purificação: Fudotaki (cascatas do Fudomyou) |