Que ano interessante
Este ano, ouvi dizer, é para esquecer.
Acho que não. Este é um ano que não devemos, nunca, esquecer. Principalmente porque até já nos avisaram que virão mais anos iguais. O conhecimento é história e é útil: tem utilidade futura.
A pandemia de que tanto se fala, é realmente a que menos mal tem feito. O que se tem feito, justificado pela pandemia, é que realmente tem sido muito mau.
Falo, por exemplo, do desemprego, do qual sou só mais uma desconhecida vítima; falo dos milhares (milhões?) de casos de outras enfermidades que não foram diagnosticadas a tempo, ou de todo, gerando grande sofrimento e mortandade; falo da pobreza e da fome que aumentaram loucamente; falo das liberdades que se perderam.
Como passamos agora muito mais tempo “online”, e através das redes de comunicação disponíveis mundialmente, temos descoberto escândalos atrás de escândalos, corrupções que antes estavam escondidas, mas cuja informação estava disponível só que não havia interessados, teorias de conspiração que afinal não são só teorias e, no geral, temos descoberto um futuro que parece já programado para nós mais do que um futuro que poderíamos construir. Descobrimos este ano que o planeta afinal está a sofrer uma enorme revolução na qual nem sequer participamos, apenas sofremos as consequências.
Estando a viver numa área planetária de relativa abundância, que é a Europa, muitas vezes esquecemos a miséria que se vive nas outras zonas da Terra. Esta pandemia e as suas repercussões, mostra-nos que afinal a miséria pode surgir em larga escala, e repentinamente, até na velha Europa e em outras áreas ricas tais como na América do Norte.
Como Cristão, este ano mais do que nos outros, tenho visto o cristianismo a sofrer ataques violentos, tanto físicos como políticos. Tudo tem sido feito para impedir a difusão e a prática da nossa forma de vida: de oração, de valores morais, de crenças. Os cristãos, por outro lado, não se unem para proteger as suas crenças, pois todas as denominações estão convencidas que representam a Deus, que só elas sabem o que Deus quer.
No fim de contas, todas “governam” Deus e parecem até retirar-Lhe os poderes que Lhe são típicos: omnipresença, omnipotência e omnisciência. Deus, que tudo sabe, tudo pode mudar, até o passado. Mas os Cristãos, e os crentes num só Deus, continuam a insistir que Deus tem de ser como eles dizem e não como É.
Deus disse: “Eu Sou O que Sou!” “אֶהְיֶה אֲשֶׁר אֶהְיֶה” Mas parece que todos não se agarram a isto e decidem que Deus é quem eles querem, e muitas vezes exigem, que seja.
Muitos dos ateus e dos agnósticos, também sofrem ataques, e sofrerão, pois, apesar de afirmarem a sua descrença, viviam numa sociedade na qual já os valores morais e pacifistas Cristãos estavam instalados e dos quais desfrutavam. Tudo isto está a acabar e por isso também estes humanos sofrem como os outros.
Muito fizeram para acabar com a influência dos valores Cristãos e agora sofrem e sofrerão as consequências: falta de moralidade, falta de controle da educação dos seus filhos e familiares, falta liberdade de pensar, falta de liberdade de expressão. Sim, porque a liberdade de expressão é, pela sua natureza, Cristã.
O racismo tem sido muito falado e todos os não racistas são acusados de o serem, por aqueles que realmente o são. A pandemia também tem dado muito poder a estes indivíduos, o qual contribui igualmente para a tal ´revolução´ que sofremos. Se nos opomos, ou somos presos, ou calados, ou multados.
Como professor de Aikido, a minha profissão está interdita há meses. A prática pessoal parece algo egoísta, pois não se pode transmitir aos outros. Vendo a miséria em que tanta gente ficou pelas atuais circunstâncias, até me parece obsceno cobrar por ensinar “online” um ensino em que se recebe dinheiro mas que realmente não é decente, pois não há sequer a possibilidade de transmitir a técnica através do contacto físico e do olhar pessoal. Digo que não é decente, pois ninguém vai realmente aprender com este sistema.
Há anos que existem milhares de vídeos online dos mais variados estilos de Aikido (e de outros Budo). Alguns vídeos até têm técnica muito correcta. Mas se isto não serviu para que todos melhorassem a sua técnica, como pode um professor, a centenas ou milhares de quilómetros de distância ensinar algo sem o contacto pessoal, sem linguagem corporal. É um filme. Nada mais. E um filme só para quem pode pagar.
Este Natal acabou por ser, afinal, um Natal muito mais sentido do que os outros, pelos menos para o mundo “avançado”.
O Natal é para celebrar o nascimento de Jesus, de Deus feito homem. Deus, que escolheu de todos os seres humanos disponíveis, Maria e José como actores principais deste grande evento. E Deus não faz nada ao acaso. O seu nascimento quase até parece ter sido durante uma crise pandémica como a que sofremos agora. Sem contactos sociais, sem parteiras, sem médicos, sem a ajuda de familiares, isolados, qual confinados, os membros desta família começaram uma mudança planetária.
Por todo o mundo os cristãos celebram este evento. Até os não crentes participam, mesmo nas formas abastardadas do evento, tais como nas celebrações ´natalícias´ como com o interessante Pai Natal, com a árvore de Natal, com a entrega de presentes, etc.
Estará previsto também o impedimento desta importante celebração planetária? Tudo parece indicar que sim.
Por esta razão, temos o dever de celebrar o Natal da forma mais pura, mais cristã possível: com amizade, com amor. Jesus disse: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como Eu vos amei. Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos.” Este ensinamento é profundo e bastante. Nele medito constantemente e neste Natal é o que desejo para todos: que leiam e meditem nisto.