sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Guerreiros de Portugal

 


Informação tirada daqui.

Senhora da Família Carvalho Alvarenga Pereira Barreto, de Guiné Bissau, ao lado da estátua de seu tataravô, o Tenente-Coronel Honório Pereira Barreto, governador da Guiné Portuguesa entre 1838 e 1859.


Honório nasceu em 1813, filho de cabo-verdiano negro, vindo ao mundo no guineense Cacheu, herdeiro de família habituada há muito ao exercício do comando. O seu pai era Sargento-mor da fortaleza de Cacheu e homem mestiço; a sua mãe, mulher negra com antepassados "portuguis", os católicos afro-portugueses de Ziguinchor. Foi educar-se a Lisboa e, regressando à terra-natal, passou a desempenhar os mais altos cargos da administração guineense. Em 1834, aos vinte e um anos, era já Provedor e Capitão-mor de Cacheu. E foi, de 1837 a 1859, ano em que morreu, Capitão-mor de Bissau - ou seja, governador da Guiné Portuguesa.


Barreto desenvolveu por toda a Guiné obra notável e realmente marcante. Reconstruiu Bolama, traiçoeiramente devastada pelos ingleses em 1839, reafirmou a presença portuguesa nas áreas ilegalmente ocupadas pelos ingleses e forçou-os à retirada. Foi fundamentalmente pela sua acção que Bolama e o arquipélago dos Bijagós retornaram à soberania portuguesa e, por isso, que são hoje território da Guiné-Bissau. Reorganizou a defesa militar, recuperou fortalezas há muito abandonadas, fortaleceu a administração e incentivou a evangelização das populações através da criação e expansão de missões cristãs. Será da maior justiça afirmar que a República da Guiné-Bissau dos nossos dias deve as suas fronteiras, em larga medida, à visão e sofrido esforço desse grande guineense e grande português que foi Honório Pereira Barreto.


À data do seu passamento, em 1859, Pereira Barreto era há muitas décadas governador da Guiné. Afirmara a soberania portuguesa, educara as gentes, criara missões, escolas e hospitais, recuperara o aparelho defensivo e expulsara o intruso inglês. Portugal reconheceu-lhe o mérito. Num tempo em que os anglo-saxões afirmavam absurdas superioridades raciais e justificavam com pseudo-ciência as brutalidades infligidas a povos de outra cor, Portugal promovia Pereira Barreto a governador de província e Tenente-coronel do exército, fazia-o comendador da Ordem de Cristo e cavaleiro da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito. Em Lisboa, um largo da Freguesia do Beato distingue essa grande figura do Portugal africano. A Armada portuguesa honrou-o também ao dar o seu nome a uma corveta da Classe João Coutinho, a NRP Honório Barreto.


Mesmo diante de ameaças e intimidação da Inglaterra, Honório Pereira manteve o controle Português da área e ainda estendeu a sua influência. Por iniciativa sua e perante a cobiça dos Britânicos conseguiu, lutando e comprando terrenos, preservar várias parcelas de território que constituem a atual Guiné-Bissau. Graças a este processo é que Bolama se mantém guineense. O mesmo se diga da área de Casamansa.


Em 1857, Barreto cede à coroa portuguesa um território na região dos felupes de Varela que era sua propriedade particular. Em muitas ocasiões este nativo dava lições de patriotismo aos que iam da Metrópole.

Condecorado com o grau de Comendador da Ordem Militar de Cristo e com o grau de Cavaleiro da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito.

Após a independência da Guiné-Bissau, Honório Pereira Barreto teve sua imagem e história apagadas da memória local, sendo a Praça Inaugurada em seu nome em Bissau, renomeada de Praça Che Guevara.


O nosso caro amigo Aristides Bicho conta-nos o seguinte acerca da Marinha de Guerra e de Honório Barreto:

"Ainda conheci a fragata “Honório Barreto” quando estive na marinha de guerra.

Um reconhecimento que nos fica na memória e no coração.

O nosso lema, quando servi a MGP, e comandei um navio patrulha durante 15 meses, como oficial da reserva naval era: 
Servir sem cuidar recompensa”.

Fácil de ler mas desafiante e difícil de cumprir."

Muito obrigado pela partilha, amigo.