Beja. Estátua de Gonçalo Mendes da Maia |
Um dos artigos de que muito se falou, foi um artigo sobre O Lidador, um conhecido cavaleiro e comandante militar português.
Este artigo não o conseguimos encontrar, mas aqui está uma pequena informação sobre este fantástico personagem.
Nasceu em Trastamires, que hoje conhecemos como Maia, ao pé do Porto.
Ainda jovem torna-se um grande amigo de D. Afonso Henriques, o nosso primeiro rei.
Devido à sua vontade indomável e desafiante, conseguiu fama como grande guerreiro o que lhe valeu o cognome de "O Lidador".
Alexandre Herculano escreveu uma pequena história sobre este fantástico personagem que começa assim:
"- Pajens! Ou arreiem o meu ginete murzelo; e vós dai-me o meu lorigão de malha de ferro e a minha boa toledana. Senhores cavaleiros, hole contam-se noventa e cinco anos que recebi o batismo, oitenta que visto armas, setenta que sou cavaleiro, e quero celebrar tal dia fazendo entrada por terras da frontaria dos mouros.
Prancha de banda desenhada por José Pires em 1987. Publicada nosemanário "O Alentejo Popular", de Beja |
Isto dizia na sala de armas do castelo de Beja Gonçalo Mendes da Maia, a quem, pelas
muitas batalhas que pelejara e por seu valor indomável, chamavam Lidador. Afonso Henriques,
depois do infeliz sucesso de Badajoz, e feitas pazes com el-rei Leão, o nomeara fronteiro da
cidade de Beja, de pouco tempo conquistada aos mouros. Os quatro Viegas, filhos do bom velho
Egas Moniz, estavam com êle, e outro muiots cavaleiros afamados, entre os quais D. Ligel de
Flandres e Mem Moniz - que a festa de vossos anos, Senhor Gonçalo Mendes, será mais de
mancebo cavaleiro que de capitão encanecido e prudente. Deu-vos el-rei esta frontaria de Beja
para bem a haverdes de guardar, e não sei se arriscado é sair hoje à campanha, que dizem os
escutas, chegados ao romper d'alva, que o famose Almoleimar correr por êstes arredores com dez
vêzes mais lanças do que tôdas as que estão encostadas nos lanceiros desta sala de armas.
Castelo de Beja |
- Voto a Cristo - atalhou o Lidador - que não cria em que o senhor rei me houvesse pôsto
nesta tôrre de Beja para estar assentado à lareira da chaminé, como velha dona, a espreitar de
quando em quando por uma seteira se cavaleiros mouros vinham correr até a barbacã, para lhes
cerrar as portas e ladrar-lhes do cimo da tôrre da menagem, como usam os vilãos. Quem achar
que são duros de mais os arneses dos infiéis pode ficar-se aqui.
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Ao romper d'alva, os cavaleiros do Lidador saíam mais de dois tiros de besta além
das muralhas de Beja; tudo porém estava em silêncio, e só, aqui e ali, as searas calcadas davem
rebate de que por aquêles sítios tinham vagueados almogaures mouros, como o leão do deserto
rodeia, pelo quarto de modôrra, as habitações dos pastôres além das encostas do Atlas.
No dia em que Gonçalo Mendes da Maia, o velho fronteiro de Beja, cumpria os noventa e
cinco anos, ninguém saíra, pelo arrebol da manhã, a correr o campo; e, todavia, nunca tão de
perto chegara Almoleimar; porque uma frecha fôra pregada a mão em um grosso sovereiro que
sombreava uma fonte a pouco mais de tiro de funda dos muros do castelo.
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As lanças iam feitas: o Lidador bradara Santiago, e o nome de Alá soara em
um só grito por tôda a fileira mourisca.
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Quem hoje ouvir recontar os bravos golpes que no mês de julho de 1170 se deram na
veiga da fronteira de Beja, notá-los-á de fábulas sonhadas; porque nós, homens corruptos e
enfraquecidos por ócios e prazeres de vida afeminada, medimos por nossos ânimos e fôrças, a
fôrça e o ânimo dos bons cavaleiros portuguêses do sécuo XII; e todavia, êsses golpes ainda
soam, através das eras, nas tradições e crônicas, tanto cristãs como agarenas.
Depois de deixar assinadas muitas armaduras mouriscas, o Lidador vibrara pela última
vez a espada e abrira o elmo e o crânio de um cavaleiro árabe. O violento abalo que experimentou
lhe fêz rebentar em torrentes o sangue da ferida que recebera das mãos de Almoleimar e,
cerrando os olhos, caiu morto ao pé do Espadeiro, de Mem Moniz e de Afonso Hermingues de
Baião, que com êles se ajuntara. Repousou, finalmente, Gonçalo Mendes da Maia de oitenta anos
de combates!
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Foi o facto de ver um soldador envelhecido a atacar com o a força e vigor dum jovem que fez com que o inimigo vacilasse, pois julgaram tratar-se dum ato mágico.
Ao tentar reconquistar moral das suas tropas, o líder muçulmano Almoleimar contra-atacou e desferiu-lhe um golpe final mas não sem antes o velho Lidador o terminar.
A moral dos restantes guerreiros portugueses encheu-se de raiva e a moral dos guerreiros muçulmanos enfraqueceu ao ver o seu líder morto e o exercito desorganizou-se dando depois vitória ao exercito português.
Embora esta história esteja romanceada, é certo que o velho Lidador morreu combatendo. Já este facto nos serve de moral da história.
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Foi o facto de ver um soldador envelhecido a atacar com o a força e vigor dum jovem que fez com que o inimigo vacilasse, pois julgaram tratar-se dum ato mágico.
Ao tentar reconquistar moral das suas tropas, o líder muçulmano Almoleimar contra-atacou e desferiu-lhe um golpe final mas não sem antes o velho Lidador o terminar.
A moral dos restantes guerreiros portugueses encheu-se de raiva e a moral dos guerreiros muçulmanos enfraqueceu ao ver o seu líder morto e o exercito desorganizou-se dando depois vitória ao exercito português.
Embora esta história esteja romanceada, é certo que o velho Lidador morreu combatendo. Já este facto nos serve de moral da história.
Estátua do Lidador na Maia |